Ler é preciso!

Quantos livros você lê por ano? Essa pergunta, feita aos brasileiros, revela um número um pouco preocupante. Segundo pesquisa da Fecomércio RJ, divulgada no ano passado, 70% dos brasileiros não leram um livro sequer em 2014. Esse assunto ficou em evidência este mês, quando celebramos nos dias 18 e 23/4 respectivamente o Dia Nacional do Livro Infantil e o Dia Internacional do Livro.
Para muitos professores e escritores, uma das principais razões para essa falta de interesse pelos livros está na própria cultura do brasileiro, que segue mais pelo oral do que pelo textual. O que fazer para mudar essa realidade?
Para Pâmela Bastos Machado, bibliotecária do Colégio Batista Mineiro, em Belo Horizonte (MG), o ideal é os pais estimularem o interesse pela história com o bebê ainda na barriga da mãe. “Há estudos que comprovam que a criança escuta a voz da mãe e daqueles que estão próximos à barriga a partir do quinto mês de gestação. São os primeiros contatos da criança com a literatura através da oralidade. O gosto pela leitura começa a ser plantado no bebê nestes momentos, enquanto escuta a voz dos pais”, explica a especialista.
A participação dos pais é de extrema importância para fomentar o hábito da leitura. Segundo a bibliotecária, ao reservar momentos para ler com as crianças os pais demonstram o valor e a importância dos livros em suas vidas, bem como o afeto por seus filhos. As crianças, que desde pequenas observam seus pais lendo sozinhos ou escutam histórias que eles contam, apropriam-se dessa prática, uma vez que é comum repetirem muitas atitudes daqueles com os quais convivem nos primeiros anos de formação.
“Os pais mostram o caminho e seguram as mãos nos primeiros passos da formação da criança como leitora, possibilitando experiências dela com a leitura e inserindo-a naturalmente como prática prazerosa no cotidiano dos seus filhos”, completa Pâmela, que acredita que a escola também tem um papel fundamental na formação dos pequenos leitores.
Na escola
A instituição de ensino é o local onde a criança aprenderá que há modos de ler que podem ser diferentes daqueles experimentados junto aos seus pais. Também conhece novas histórias e outros leitores (coleguinhas e professores) com quem pode conversar. “A função dos educadores (professores e bibliotecários) é oferecer às crianças o espaço e o tempo para a continuidade da leitura livre e para reflexões a partir dela, seja por meio de bate-papos, oficinas, atividades orientadas ou leituras em grupo, sempre no intuito de que elas criem, construam ou desconstruam, como indivíduos, a partir de suas próprias experiências.
“Acredito que, trabalhando desta forma, nós, profissionais da educação, teremos leitores interessados nas leituras orientadas em sala de aula na fase da adolescência. É certo que, para incentivar, os educadores precisam também ser bons leitores, pois serão um dos referenciais para os pequenos leitores e devem estar atentos e sensíveis para a possibilidade de suas práticas e discursos influenciarem significativamente a vida das crianças”, afirma Pâmela Machado.
No Colégio Batista Mineiro há uma série de iniciativas para incentivar os pequenos nas maravilhas da leitura. Entre elas estão: contação de histórias para os alunos desde o maternal e as primeiras séries do ensino básico nas bibliotecas; oficinas de leitura com atividades que incentivam a imaginação e produção criativa dos alunos a partir dos livros lidos; rodas de leituras na biblioteca para debates sobre os livros lidos em sala; clube do livro; bate-papo sobre livros escolhidos pelos próprios alunos e Saraus Literários.
A bibliotecária do Colégio Batista Mineiro reforça que a instituição de ensino, no entanto, é apenas uma das mediadoras nesse processo de desenvolvimento da relação entre a criança e os livros. É importante que os pais não ignorem que, mesmo a partir do momento em que seus filhos passam a ir à escola, eles mesmos continuam sendo os principais e primeiros mediadores, e essa missão não lhes é tirada!
O trabalho conjunto entre pais e escola com toda certeza produzirá mais brasileiros leitores. Isso melhorará vocabulário, conhecimento, entendimento, facilidade para a escrita, além de fornecer uma maior capacidade de reflexão e senso crítico. Afinal, esses são alguns benefícios da leitura.
“A leitura nos permite conhecer a nós mesmos e ao outro, desperta e aprimora nossos sentidos para observar o mundo. Quando lemos, nos reconhecemos, somos confrontados, enfrentamos e descobrimos medos, emoções e sensações que fazem parte da vida. No momento em que o leitor tem seus primeiros contatos com a literatura oral ou escrita na infância inicia-se seu processo de construção como leitor”, completa Pâmela Bastos.
Vamos mergulhar nesse universo com nossos filhos?
Pâmela Bastos Machado, bibliotecária do Colégio Batista Mineiro, sugere alguns livros de acordo com a faixa etária da criança:
- 1 a 2 anos – são importantes livrinhos cujo material possa ser levado à boca. Os modos corretos de manuseio podem começar a ser ensinados, mas é compreensível que ainda não sejam utilizados pelas crianças. Há livros especiais que podem molhar e são laváveis – vale a pena investir nestes materiais.
- 3 a 5 anos – É importante que tenham acesso a livros de capa dura com ilustrações e aos clássicos da literatura infantil para iniciá-los no universo da fantasia e imaginação, como os contos de fadas de Andersen, Perrault e dos Irmãos Grimm, por exemplo. Indico ainda dois livros infantis de que gosto muito: “Tatu-balão”, de Sônia Barros, e “Sua mãe”, de Ana Elisa Ribeiro.
- 6 a 8 anos – “Meu pai é uma figura”, de Rosana Montalverne; “Quando eu era pequena”, de Adélia Prado e “A formiguinha e a neve”, este último adaptado por João de Barro.
- 9 a 12 anos – Todos os títulos do Monteiro Lobato e da coleção Vaga-Lume e “Naquele Verão”, de Jutta Richter.
- 13 a 15 anos – Indico livros contemporâneos de escritores que admiro muito: “O fazedor de velhos”, de Rodrigo Lacerda; “A mocinha do Mercado Central”, de Stella Maris Rezende, “Patos Selvagens”, de Samuel Medina e “O e-mail da Caminha”, de Ana Elisa Ribeiro.
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